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Postado por
Geremias Pignaton
A Confraria de O PAU GIGANTE gosta de festas. Seja um batizado ou uma suruba, tudo é motivo para uma baita bebedeira. Por este motivo, o Grupo de Ação Levantando Defunto – GALD empreendeu esforços visando compreender o que aconteceu com as belas e agradáveis festas que aconteciam no Reino do Pau Gigante. No início eram festas de cunho religioso. A Festa de Agosto, com suas barraquinhas, pescaria, reunia gente de toda a região. Leilões, roletas e a boa cachaça regional eram outros atrativos. Após a independência do Reino, quando nos separamos do Condado de João Neiva, as comemorações passaram a ser mais cívicas, com desfiles escolares, competições e ambulantes por toda a cidade. Ainda havia integração entre os súditos do Reino. Era agradável encontrar antigos moradores que visitavam a cidade, dançar colado nos bailes do Aricanga Social e encher a cara nos vários estabelecimentos espalhados pela cidade. No início, o Festival de Chope era uma data marcante, e foi perdendo força. Passamos então a fazer bailes no Polivalente, com intuito de ganhar dinheiro para a escola. As comemorações do dia da cidade tomaram um rumo político. Montavam um palco e o que mais se viam eram “autoridades” falando e marcando presença. Eventos que antes se direcionavam para os cidadãos passaram a ter orientação política. As festas perderam aquele gostinho de interior, de tradição, de festas populares. Acabaram com os desfiles. Vieram os shows na quadra de esportes, massificados e dirigidos aos mais jovens, cujo lucro maior era a venda de bebidas. Então, caiu sobre a cidade uma das Sete Pragas da Modernidade, o trio elétrico e com ele a Epidemia da Musica Baiana. As principais vítimas foram a tradição e o bom gosto. Como conseq üência imediata, criou-se a anti-cultura da massificação, prima bastarda da Globalização. Prato cheio para a política. Com as tradições já combalidas e a cultura moribunda (Ui!) veio o golpe de misericórdia. O Rodeio. Tal qual aos bois, o povo era preso no gueto do centro de eventos, sem direito de escolha quanto o que tomar. A festa era dirigida ao povo de outros reinos. Longe do evento, o comércio local ficava com as sobras. Por força da política, até eventos paralelos aconteceram para diminuir o brilho do Rodeio. Disso tudo o que restou foi, literalmente, “conversa para boi dormir”. Em um rasgo de esperança, surgiu a Quinta de Véspera, uma brincadeira carnavalesca que trouxe à lembrança os bons carnavais que aconteciam na cidade. Bastou o evento criar corpo e os olhos da política caíram sobre a festa. Foi o bastante. Novamente, a simplicidade e o gosto popular foram colocados em segundo plano. As crianças, antes fantasiadas, foram brincar no pula -pula. O Rei Momo chorou. A pá de cal veio na última festa, a da Tradição Italiana. Preso no espaço de eventos, sem poder escolher a gelada, a comida preparada por gente de fora, os grupos musicais da moda sem nenhum vínculo com nossa gente, tornaram nossa festa algo estranho, disforme, sem história. E atendendo à modernidade, um show de musica “gospel”. Tudo a ver com as tradições italianas locais. E proibiram os ambulantes na cidade. E o Reino do Pau Gigante passou seu aniversário triste e vazio, não ganhou presentes e nem recebeu os velhos amigos, desiludidos com o rumo que tomaram as nossas festas. >>>>> Hasta la vista!
28 de novembro de 2009 às 16:32
Quando eu chamei a Confraria de O Pau Gigante para participar do Blog, sabia que poderia dar caldo. Esse texto é a prova disso. Ótimo, excelente, assino-o, agora, junto da confraria. As idéias nele contidas são, quase que na totalidade, as mesmas minhas. Acho que muita gente em Ibiraçu pensa assim.
29 de novembro de 2009 às 05:59
O que as resenhas do Ibirinha debatem há anos, A confraria de o Pau Ggigate fez um belo resumo. Muito interessante a matéria, ela nos relata a verdadeira situação Política, Social, Cultural CAÓTICA que vivemos em Ibiraçu. Parabéns à A confraria de o Pau Gigante!!
30 de novembro de 2009 às 04:52
Sou mais um a assinar em baixo do que foi escrito... Tenho para mim que o valor da arte e do esporte é muito maior quando as pessoas não são meros espectadores, mas sim participantes. Este texto da confraria reflete muito bem isto, os eventos onde a comunidade participava foram substituídos por eventos onde somos apenas espectadores, respondendo a interesses financeiros de poucos.