Negra
09:16 Postado por Geremias Pignaton
Eu pouco conheci Ericina. Tive aulas com ela quando já era aposentada e ia, com muito amor, substituir algum professor impossibilitado. Porém, todos meus irmãos foram seus alunos. Quando eu soube que não seria mais seu aluno, fiquei decepcionado. Ouvia meus irmãos falarem muito bem da professora Ericina.
Meu pai tinha pela professora um enorme respeito e admiração. Lembro-me que, volta e meia, ele colhia frutas no quintal, laranjas, cajás, bananas, mangas, escolhia as mais bonitas e ordenava que fossem levadas a Dona Ericina.
Nossa comunidade era predominantemente italiana e propensa ao preconceito, mas Ericina, tenho absoluta certeza, ajudou a diminuir esse horroroso sentimento entre nós.
A figura altiva, sempre elegantemente vestida , digna, dando a todos suas lições e, sobretudo, seus exemplos, marcou nossa cidade.
Neste dia da Consciência Negra, a minha homenagem a maior representante dessa heróica raça que Ibiraçu já viu.
Justíssimo terem batizado o melhor bairro da cidade com o seu nome.
20 de novembro de 2009 às 13:19
Geremias, sem desmerecer ninguém, eu tenho um profundo respeito por três pessoas de raça negra de Ibiraçu. Infelizmente, todos já falecidos.- Um é o Misael. Para mim o eterno Capitão do Congo. Quando criança, via o velho Misael todo paramentado à frente da banda de congo, cantando as músicas e dirigindo o ritmo dos tambores. Criança, eu associava sua imagem aos grandes guerreiros africanos que via nos filmes.- A outra é Maria Bengala. Tive um lance com ela que ficou marcado em minha vida. Ela era uma figura diferente, com dons especiais. Sua benção, Maria Bengala! - E Dona Ericina. Ela era madrinha de minha mãe e nossas famílias sempre foram próximas. Ericina, Voínha, Jolis e Alci Jardim eram amigas inseparáveis. Quase diariamente se encontravam na casa de Voínha, para tomar um café com rosquinhas e bater papo. Eu as chamava de “as meninas”. Dona Ericina era a elegância e “finesse”. Uma educação extrema. /// Muito justa e oportuna a homenagem do blog.
21 de novembro de 2009 às 06:44
Querido primo Gere, emocionei-me com a homenagem a Ericina Macedo Pagiola. Li a mensagem para mamae. Ela chorou e se emocionou bastante. Desculpe-me a ousadia, faco sem maiores pretencões, sem querer dizer que somos os tais, muito pelo contrário, porém vovó foi unamidade em Ibiracu. Isso muito nos orgulha. Negra, vovó, e sua consciência, não tinha cores. São por questões tão simples assim que nos vemos apegados a nossa terra e a nossa gente. Ibiracu não pode deixar a sua história morrer. Aguarde meu texto, ele será um breve comentário sobre Ericina. Vida que segue. Carlos Cacau Furieri
21 de novembro de 2009 às 14:17
Mais do que pedagogico passar a todos os vultos importantes que ajudaram a construir a historia de nossa Ibiracu. Narceu deixou muita coisa interessante, infelizmente ainda nao publicado. Uma pena. Ericina, Bengala e Misael sao para nossa cidade como Senna para o Brasil. Bem lembrados. Historia que segue... >>> Gere, seria vc o sucessor de Narceu?
22 de novembro de 2009 às 02:03
Klermam, mesmo tendo sido meu desafeto, reconheço muitas qualidades em Narceu. Acho que não mereço ser comparado a ele. Abraços e continue prestigiando o Blog. Muito obrigado!