Carga Tributária

04:49 Postado por Geremias Pignaton

A vitória de Ollanta Humala no Peru interrompe longos anos da ideologia neoliberal no poder. Desde de Fujimori, ditador pai de candidata derrotada Keiko, que o Peru segue a cartilha da economia escancarada para o mercado.
O Peru, içado por uma carga tributária incrível de 15% do PIB, a menor da América Latina, cresceu nos último 10 anos a taxa média de 7%. Ano passado cresceu 10%.
Por que, então, Humala venceu? Simples. Porque a pobreza vem aumentando. A distribuição de renda, com uma carga tributária pequena, não existe. Os pobres estão cada vez mais pobres e quem se aproveita do crescimento são só os ricos.
Lembrando sempre que uma das principais funções do tributo no Estado moderno é distribuir renda.
Quando vejo os liberais brasileiros, sobretudo os meios de comunicação, esbravejando contra a carga tributária, penso nisso. Acho que ela é mesmo muito alta, mas o que eles sempre desejam é um nível peruano. Eles não querem abrir mão de nada em prol do desenvolvimento nacional.
Nós, trabalhadores assalariados, não devemos nos bater tanto por menos impostos. Devemos, sim, exigir que os capitalistas arquem mais com essa carga e que a arrecadação traga retorno em saúde e educação públicas.
Essa equação, carga tributária e distribuição de renda, não pode desequilibrar de forma alguma, sob pena de pararmos de crescer com altos ou concentrarmos renda com baixos tributos.
O Peru não está aí para nos dar exemplos, como queriam alguns, anos atrás.

Com relação a Humala, ele que se cuide. A pressão do mercado pelos minerais peruanos será muito grande.

1 comentários:

  1. Fransergio Pignaton disse...

    Concordo plenamente! O discurso de que países subdesenvolvidos devem ter carga tributária menor do que países desenvolvidos me parece tática ideológica para manter o estado nos países subdesenvolvidos fracos. O estado, olhando pelo seu lado bom, é justamente a representação da união das pessoas do país, mesmo com todas as suas distorções, é assim que ele se apresenta. Pela lógica que rege minha cabeça, os países desenvolvidos, onde as pessoas já possuem um grau de desenvolvimento maior, com salários maiores, poderiam contribuir com uma proporção menor dos seus salários, que ainda assim, financeiramente, estariam contribuindo em valor absoluto maior para um estado que, por estar já avançado em termos de "qualidade de vida" (extremamente subjetivo, mas...), possui menos problemas sociais a serem resolvidos. No entanto, tentam nos convencer que a lógica deveria ser oposta a isso. Ou seja, onde se tem mais problemas sociais e menos recursos financeiros as pessoas devem contribuir menos proporcionalmente... e nós acreditamos!! A quem isso realmente interessa?

    Se o estado é mal gerido, temos que lutar para que ele seja bem gerido, mas lutar puro e simplesmente para diminuir carga tributária, sem o menor critério, me parece tiro no pé!

    O que se tem que fazer realmente e isentar aquilo que impacta a população mais pobre e compensar com a tributação daquilo que não é essencial para a mesma.

    Uma pergunta para refletir: Se ninguém mais contribuísse com imposto de renda e o estado, conforme o concebemos, fosse extinto, como ficaria a democracia?