Comércio em Domicílio

03:32 Postado por Geremias Pignaton

Ainda me lembro dos caixeiros viajantes. Isso foi no comecinho da minha vida, nos anos sessenta, quando eles entraram em extinção e, agora, praticamente não mais existem. Se algum ainda pratica essa atividade, deve ser peça de museu. Eles prestavam um serviço público de extrema relevância. No Brasil rural, antes do boom migratório para as cidades, eles atingiam as pessoas do interior que não tinham acesso aos produtos urbanos.
Na década de setenta, existiam os vendedores de livros. Esses eram uns chatos. Batiam no nosso portão fora de hora - pela Lei de Murphy, eles estavam sempre fora de hora - entravam na nossa casa, permitidos pela educação da minha mãe, apresentavam seus produtos, insistiam, insistiam, insistiam, insistiam e, algumas vezes, vendiam livros que nunca mais eram abertos, restavam empoeirados em algum canto da casa, ocupando espaço.
Hoje, esse tipo de venda é feito pelo telemarketing. O vendedor de um produto ou de serviço, que você não pediu, não quer e nem precisa, liga na sua casa, ou no celular, na hora errada, oferece alguma vantagem, algum presentinho e depois tenta te vender o produto.
Quem gosta muito desse tipo de venda são os cartões de crédito. Ontem, me ligou uma oferecendo uma camisa da seleção de presente. Era na hora do noticiário da televisão, eu estava doido para saber que besteiras tinham falado Dilma e Serra, a moça insistia em me vender o cartão do banco, cheia de ofertas tentadoras, além do presente da camisa canarinho.
Acho que esse serviço deveria ser proibido por lei. É uma agressão a nossa intimidade.
Ou então, deveríamos criar um cruzada nacional pela má educação. Quando percebermos tratar-se de telemarketing, deveríamos desligar bruscamente o telefone.

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