Polenta

Venda Nova do Imigrante é uma cidade parecida com Ibiraçu. Foi colonizada por imigrantes italianos. Diferença que, devido à geografia, eles ficaram mais tempo isolados. Lá é comum se encontrar pessoas falando dialeto veneto nos bares, nas ruas, nas igrejas. Eles preservaram mais a cultura que Ibiraçu. Entretanto, em Ibiraçu, apesar de restar apenas tênues traços, a cultura italiana está presente. Basta só darmos uma soprada na brasinha para, aos poucos, ela virar uma fogueira.

Este fim de semana prolongado pelo feriado, realizou-se em Venda Nova a 31ª Festa da Polenta. A primeira edição dessa festa surgiu em outubro de 1979. Foi um almoço comunitário realizado pelos moradores e idealizado pelo padre salesiano Cleto Caliman. O evento virou anual, pegou tradição e, hoje, é uma das festas mais importantes do calendário turístico do Espírito Santo.

Em 1991 a festa ganhou personalidade jurídica. Criou-se a AFEPOL - Associação da Festa da Polenta, instituição que passou a administrar o evento.

Em 1995 inaugurou-se o Centro de Eventos Padre Cleto para abrigar a festa e outros eventos da cidade.

Até hoje, as comidas servidas na festa -como não poderia deixar de ser -são feitas por moradores, sobretudo senhoras voluntárias descendentes de italianos.

Depois do evento, reúnem-se os 900 voluntários para discutir os erros e acertos, fazer a prestação de contas à comunidade e destinar a arrecadação. Normalmente a arrecadação é destinada para instituições filantrópicas, a maior parte para o hospital comunitário.

No restaurante serve-se capeletti, queijos e embutidos da região, galinha ao molho, muito macarrão artesanal e, é claro, polenta feita num enorme tacho de ferro, construído especialmente para isso. O ponto alto é o tombo da polenta, quando se derruba a polenta cozida do tachão.

As atrações da festa sempre foram ligadas à cultura italiana. No início, naqueles almoços comunitários dos primórdios, só tinha um coral italiano local. Agora são várias atrações italianas, mescladas com atrações de maior impacto. Este ano teve Titãs e a dupla Rian e Richard.

Em Ibiraçu já tivemos várias festas de emancipação, tivemos os festivais de chopp nos anos 70 e os rodeios nos últimos anos. Todos eventos grandiosos e interessantes. Nenhum, entretanto, conseguiu se manter, virar tradição. Falta o envolvimento da comunidade. Lá em Venda Nova, tudo começou com a própria comunidade cultuando sua cultura. Vejam, começou com um simples almoço comunitário!

Espero que as nossas lideranças e a nossa cidade pense nisso. A cultura é importantissíma e a celebração dela produz eventos maravilhosos.

Espero que o Secretário de Turismo, nossa maior liderança, tenha observado muito a festa de Venda Nova e a tenha como exemplo.