Restinga Que Resta

03:40 Postado por Geremias Pignaton

Quando vou com meus filhos à Barra do Sahy, revivo um programa de minha infância. Vou caminhando da Barra do Sahy ao quebra-mar do Portocel, eu, eles e minha esposa. Vamos catando conchinhas, vendo as aves marinhas e da restinga quase virgem que existe ali. A praia deserta, com uma faixa de uns duzentos metros de restinga, nos dá uma sensação de liberdade e relaxamento inigualável. Mesmo com a proximidade da Fíbria, ex-Aracruz Celulose, aquele pedaço de quatro quilômetros de litoral ainda é um santuário, mais ou menos preservado, quase igual ao que tínhamos ali há uns 40 anos.
Vejo com preocupação a notícia de que instalarão lá um estaleiro multinacional coreano. Não que eu seja contra a geração de empregos e o incremento da economia, mas, por eu ser um apaixonado por aquele pedaço de praia quase deserta, fico preocupado quanto a degradação ambiental. Tenho certeza que as coisas lá mudarão.
Sinceramente, se tivesse que escolher, o romântico aqui mandaria o estaleiro às favas e ficaria com o pedaço de praia para passear com as crianças.


Espero que danifiquem o mínimo possível e que não nos proíbam o acesso.

5 comentários:

  1. Fransergio disse...

    Gerê, faço das suas as minhas palavras.

  2. Guti Lanschi disse...

    O mais interessante nisso tudo é que ninguém leva em consideração os investimentos feitos pelos moradores da região em suas casas de veraneio na Barra do Saí. Deixei de freqüentar aquelas praias há muito tempo. Prefiro ficar com as minhas recordações do tempo em que só havia a casa de Tio Julio e da família de Dr. Orlindo, de João Neiva. Um paraíso! Hoje só tem catinga e poluição. Para compensar, oferecem trios elétricos! Uma merda! Mas tem neguim enchendo os bolsos de comissões.

  3. Geremias Pignaton disse...

    Guti, é exatamente isso. Naquele pedaço de praia, pra lá das pedras, ainda dá, com um pouco de boa vontade, para reviver aqueles bons tempos, no paraíso do litoral de Aracruz. Agora, depois da instalação do tal estaleiro Jurong...Só restará os arredores da pousada da família de Primo Bitti, a preços nada módicos.

  4. Carlos Cacau Furieri disse...

    Vão matar a nossa Barra do Sahy!!!! Quanta Saudade!!! Outro dia li uma reportagem de Jean Pedrini, nosso amigo de Ibiraçu, fazendo ressalvas quanto ao projeto coreano. Todo cuidado é muito pouco!!Nossa, a BS é um lugar de onde tenho recordações mil e do local a que você se refere, Gere, fazíamos uma espécie de get long gang para irmos ao Porto logo depois do almoço para estarmos de volta as cinco da tarde, um banho no riozinho salgado e depois uma bela pelada em frente à casa de Marluce Pignaton. Belos tempos, belos dias!!! Vida que segue. Carlos Cacau Furieri

  5. Guti Lanschi disse...

    Falando em romantismo. A primeira vez que fui a Barra do Sai cheguei numa sexta-feira, em noite de lua cheia. A lua deixava um risco prateado no mar, destacando as pedras cujos contornos lembram o submarino Nautilus, do Capitão Nemo, da obra de ficção de Julio Verne “Vinte mil Léguas Submarinas”. É a única coisa que não mudou por lá. Toda a orla da Barra era de restinga. Podia-se remar riozinho acima e pescar siri. Uma curiosidade: o embrião do mosteiro budista do Morro da Vargem nasceu numa casa de estuque coberta de tabuas de madeira que havia na praia, próxima ao rio. Éramos todos “cabeludos”, inclusive o monge.