Jesus, O Retorno

11:04 Postado por Geremias Pignaton

A Confraria de O PAU GIGANTE, quanto aos cristãos, só temos em comum o gosto pelo vinho. E, naturalmente, Dona Santa, nossa fiel copeira, pessoa muito religiosa ora freqüentando a igreja Católica. Pois decidimos, em reunião no Bar Cascatão (degustando costelinhas de porco fritas e lingüiça defumada, regadas a copiosas cervejas e rodadas de cachaça curtida em jenipapo (Santa Maria!)), levar esta velha beata ao local mais sagrado do cristianismo: a gruta ou estábulo onde teria nascido aquele que chamam de Jesus, O Cristo!

Foi uma verdadeira operação de guerra levar a Santa para Nazaré (ou seria Belém?). São muitas barreiras e identificações. Ao final estávamos mais conhecidos que os mais conhecidos jogadores de cartas do Bar do Grippa! Com um mapa doado por um de nossos confrades morador da região fomos nos aproximando do local indicado e, para nosso espanto, havia ali apenas um senhor, sentado perto observando a mangedoura. Educadamente, como nos é peculiar, perguntamos onde estavam os cristãos, já que ali naquele local nascera o Salvador? O homem levantou-se, mirou aos confrades com um olhar penetrante (ui!) e falou, com voz solene: “Estão em Roma, onde eu nunca estive”. Diante de tão firme afirmativa perguntamos-lhe seu nome. Lançou-nos um olhar intenso e respondeu: “Eu sou aquele que chamam Jesus!”

Todos os membros (opa!) da Secular Confraria de O PAU GIGANTE, instintivamente, levaram as mãos aos genitais, como se quisessem esconder os pecados. Menos Dona Santa, é claro! A boa senhora segurou os peitos! Aquela afirmativa antes de nos causar espanto, soou como verdadeira! Mas notamos que Ele estava meio... borocoxo! Respeitosamente, perguntamos se estavam querendo crucificá-lo novamente. E o Mestre falou: “Não duvido que façam isso. Desde minha vinda as coisas não mudaram muito por aqui. O opressor continua oprimindo o oprimido. Só mudaram os nomes. Não crucificam mais. Lançam bombas. Continua imperando a lei do mais forte. As injustiças e falsidades continuam. Falam de mim mas não seguem meus ensinamentos. Só vejo ganância e iniqüidades”.

Boquiabertos, a Confraria de O PAU GIGANTE argumentou que são cada dia mais numerosas as igrejas que pregam a Sua palavra e que Ele, Jesus, podia dizer que era mais conhecido que os Beatles! O Homem disse: “Templos! O Verdadeiro Templo está em voz mesmos, em vossos corações. Esses se afastaram do Caminho”. Como a curiosidade matou o gato, perguntamos por Maria Madalena e a suposta ligação entre os dois. Seus profundos olhos castanhos se encheram de brilho e serenidade. E com cara de carpinteiro plainando madeira de lei disse: “Uma grande mulher! E está me esperando”. E, caminhando majestosamente, se afastou.

Retornamos como que encantados! Conhecemos o melhor da humanidade, o supra-sumo da compreensão. Olhamos para Dona Santa, a mais religiosa de todos. A velha senhora, empunhando a Bíblia, disse que o homem era um enganador, um Inri Cristo da vida e que o verdadeiro Jesus voltaria em glória para punir a nós, hereges pecadores. “Vocês devem ir para a Igreja rezar antes que chegue o julgamento final!”. >>>>> Tememos pela segurança do Filho do Homem!

1 comentários:

  1. Geremias Pignaton disse...

    Pau Gigante é dez! Neste maravilhoso texto, de passagem, ele comenta o grande entrave para a confirmação histórica de Jesus, o nascimento. Nenhum historiador, até hoje, confirmou o tal censo determinado pelo imperador romano naquela região. Acha-se que Jesus nasceu mesmo em Nazareth e foi posto em Belém para cumprir as escrituras antigas.