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Postado por
Geremias Pignaton
Dona Santa, nossa copeira e arrumadeira, pessoa muito religiosa dessas que não corta os cabelos por nada, é de meia-idade e por isso a Confraria de O PAU GIGANTE a poupa de serviços mais pesados. Para esses serviços, por indicação da própria, a Confraria contrata a jovem Izercilia de Fátima, parente afastada dela por parte de mãe, moradora do aprazível logradouro denominado Beiço da Égua. É uma moça taluda e trabalhadeira que faz uma faxina quinzenal na sede secreta da Confraria de O PAU GIGANTE. Qual foi a nossa surpresa quando a jovem Izercilia veio com a idéia de que tem direito ao décimo terceiro salário “de acordo com a nova lei”! Após alguns momentos de espanto, argumentamos que essa lei destina-se aos vereadores do Espírito “Não Tão” Santo e não tem nada a ver com as funções dela. Explicamos que trabalhar dois dias apenas durante um mês não é justificativa para receber décimo terceiro salário. “Mas os vereadores só fazem duas sessões por mês! Então nossa categoria também tem direito!” disse, cheia de razões, a nossa empinada diarista. Com paciência, explicamos que essa coisa de categoria é para sindicalizados e não se aplicam aos vereadores e que, pensando assim, logo ela ia querer um assessor. Com ares de quem tinha descoberto algo importante, a moça disse: “Os vereadores tem? Vou pensar nisso”!Em reunião de emergência no Bar do Grippa, onde degustamos uma cachaça de procedência duvidosa acompanhada de rim de porco frito com recheio de lingüiça calabresa, a Confraria de O PAU GIGANTE constata que o povo nunca está satisfeito e insiste numa suposta igualdade entre as pessoas. Não sabem distinguir o real valor do trabalho e que o sol nasceu para todos, mas a sombra é para uns poucos. Decidimos, pelo poder soberano do voto, despedi-la por “justa causa”.
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