Revisitando o Blog do Gerê
05:18 Postado por Geremias Pignaton
Você pode fazer o mesmo, caríssimo leitor - são dois zilhões e meio de leitores. Você pode ir aí do lado, abrir os arquivos ano a ano, mês a mês, e fazer uma viagem no tempo.
Uma outra coisa que fiz foi reler os contos da coluna "metido a escritor". Normalmente o escritor quando relê sua obra fica decepcionado. Eu, tirando um errinho aqui outro ali, gostei de rever meus escritos.
Estou pensando em selecionar alguns posts e fazer uma obra impressa.
Para Ilustrar vai abaixo um post que escrevi em fevereiro de 2010. Gostei muito dele. Acho que todos vão gostar de revê-lo, sobretudo os leitores da família Pignaton.
Madonna del Rosario
Esta igrejinha aí da foto é a Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Romano, pequeno vilarejo de Vigonovo em Pordenone, Itália. Do lado dessa igreja morava Pignaton Basilio, meu bisavô e patriarca da família Pignaton no Brasil. Ela não é uma igreja majestosa, é uma pequena igreja bem singela. Por dentro tem um belo altar esculpido em madeira. Se não é tão bela, tem uma história muito bonita. Ela foi construída em 1499. Surgiu durante a invasão turca. Os habitantes das cercanias vieram para essa localidade afim de se protegerem dos invasores. Os otomanos não apeavam de seus cavalos nem para as necessidades fisiológicas. Essa localidade era de brejais, com alguns lugares secos. Os invasores não podiam entrar a cavalo.
Nessa igreja tive uma das passagens mais emocionantes da minha insignificante existência.
Nessa igreja tive uma das passagens mais emocionantes da minha insignificante existência.
Em janeiro de 1991, eu e Carlinhos, meu querido primo, encontramos os parentes em Vigonovo. Daí alguns dias eu voltei à localidade, juntamente com Charles Stefenoni, um amigo de Vitória, convidados para participarmos de uma celebração nessa igrejinha. Carlinhos não foi pois havia retornado ao Brasil.
O pároco da cidade era um descendente de albaneses chamado Dom Emilio. Nós tínhamos sido apresentados na ocasião que encontramos os parentes pela primeira vez. Contei ao pároco a saga do meu bisavô que havia partido de lá para o Brasil.
Ele reuniu a comunidade e fez uma missa linda nessa igreja em nossa homenagem. Eu e Charles no centro da igreja homenageados por todos. Na homilia, o padre fez todo sermão contando a nossa história e o nosso retorno à terra ancestral. Naquela parte da missa que o padre manda todos se cumprimentarem, ele desceu do altar e foi me cumprimentar no meio do povo. As pessoas, uma a uma, em fila indiana, repetiram o gesto do padre. Eu fiquei muito emocionado. Ainda agora, escrevendo, fiquei arrepiado. Foi a comunhão com a terra do meus antepassados.
Anos depois, em 2002, Padre Waldo Pignaton, foi lá e concelebrou uma missa com Dom Emílio falando em português. Aí foi o sacramento do nosso retorno às origens.
Posso viver duzentos anos que não vou esquecer esse gesto de Dom Emílio. Jamais vou esquecer a igrejinha de Romano e a imensa emoção que lá vivi.
Dom Emílio morreu há dois anos. Não pude reencontrá-lo quando lá retornei. Uma grande pena, tinha muito a agradecê-lo.
O pároco da cidade era um descendente de albaneses chamado Dom Emilio. Nós tínhamos sido apresentados na ocasião que encontramos os parentes pela primeira vez. Contei ao pároco a saga do meu bisavô que havia partido de lá para o Brasil.
Ele reuniu a comunidade e fez uma missa linda nessa igreja em nossa homenagem. Eu e Charles no centro da igreja homenageados por todos. Na homilia, o padre fez todo sermão contando a nossa história e o nosso retorno à terra ancestral. Naquela parte da missa que o padre manda todos se cumprimentarem, ele desceu do altar e foi me cumprimentar no meio do povo. As pessoas, uma a uma, em fila indiana, repetiram o gesto do padre. Eu fiquei muito emocionado. Ainda agora, escrevendo, fiquei arrepiado. Foi a comunhão com a terra do meus antepassados.
Anos depois, em 2002, Padre Waldo Pignaton, foi lá e concelebrou uma missa com Dom Emílio falando em português. Aí foi o sacramento do nosso retorno às origens.
Posso viver duzentos anos que não vou esquecer esse gesto de Dom Emílio. Jamais vou esquecer a igrejinha de Romano e a imensa emoção que lá vivi.
Dom Emílio morreu há dois anos. Não pude reencontrá-lo quando lá retornei. Uma grande pena, tinha muito a agradecê-lo.
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