Monte Negro

04:55 Postado por Geremias Pignaton



                                                                     

Vivo fora de Ibiraçu há 17 anos. Toda vez que retorno, sinto-me mais distante da minha terra. Vou com a expectativa de rever a cidade onde nasci e vivi 34 anos e dela encontro apenas traços, lembranças, pedaços de minha memória. São traços e lembranças agradáveis, mas que, por serem cada vez mais escassos, tornam-se decepcionantes.
As pessoas são quase sempre desconhecidas.  Por serem mesmo desconhecidas, ou, pelo afastamento, serem velhos conhecidos e, quase sempre, os antigos conhecidos são novos desconhecidos.
No campo pessoal, apenas os familiares são os mesmos. Com eles não perdemos os contatos, estamos sempre ligados e acompanhando todas as mudanças experimentadas. Até mesmo os grandes amigos vão se distanciando e os encontros são apenas para relembrar o passado que não existe mais.
Tenho notado que as pessoas, com raríssimas exceções, estão desinteressadas da cidade. Não se importam mais com o rumo que a cidade toma. Acham que vivem independentes e ainda ficam  por falta de oportunidade de sair ou por comodidade, apenas  pela tranquilidade do local.
Por incrível que pareça, até a acirrada briga política da cidade parece que não existe mais. Poucos se importam com ela e o domínio imperial tende a se acentuar.
Por todas essas situações, minha viagens a Ibiraçu cada vez mais se concentram em visitar parentes próximos e  lugares que trazem boas recordações. As paisagens, nos pontos que ficaram preservadas, no interior, são as que mais satisfazem.
As montanhas que circundam a cidade são quase imutáveis, são as referências dos bons tempos que vivi. A que considero mais bonita é o Monte Negro, retratado, lá em cima no post,  pela minha lente passarinheira.


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