Será que o marido da prefeita se elege?

Um colega aqui de Brasília, capixaba, sabendo que eu sou de Ibiraçu, perguntou-me se o marido da prefeita tem chance de se eleger deputado federal nesta eleição.
Respondi que não tenho muitos elementos para responder à pergunta, principalmente porque estou distante da terra e não posso acompanhar de perto a questão.
Ele, conhecedor de meus dotes de cientista político prático amador, insistiu que eu fizesse uma avaliação superficial da situação, ou melhor, que desse um chute na questão.
A contragosto eu mandei: chance, obviamente ele tem. Se olharmos a eleição passada, veremos que ele não foi eleito por erro de estratégia. Erro dele mesmo, pois na época era presidente do PTB, quase dono da sigla, poder concedido pelo todo-poderoso Roberto Jefferson, e achou de se juntar ao chapão. O resultado todos sabemos. Com a expressiva votação de 60 mil votos, ficou na suplência, 10 mil votos aquém da eleição. Se ele repetir essa votação, dificilmente ficará de fora novamente.
Entretanto, acho difícil ele repetir a performance da eleição passada. Naquela época ele tinha o cargo de deputado federal e tinha a força do cargo de presidente do PTB, partido com estrutura montada em praticamente todos os municípios. Esses dois cargos deram a ele um poder de manobra incrível. Sem essas duas forças, ele perdeu substancialmente esse poder e isso pode se transformar numa diminuição expressiva de votos.
A eleição passada foi a que ele teve menos votos na base. Em Ibiraçu, Fundão, João Neiva e Aracruz, ele teve 13 mil votos, contra 18 mil em 2002 e 16 mil em 1998. Perdeu muitos votos na base porque perdeu os prefeitos. Essa situação não deve se alterar muito.
Ele conserva o poder na federação de futebol. Eu considero que isso começa a tirar-lhe votos. O desgaste é grande. Está lá há mais de 15 anos e o futebol capixaba é o pior do Brasil, só comparável a estados como Acre, Tocantins, Rondônia, Amapá e Roraima.
Não acredito que o cargo de secretário estadual do turismo, controlando um orçamento baixo, cargo mais para protocolar do que realmente importante, tenha lhe dado visibilidade e poder de manobra como os de deputado federal e de presidente do PTB.
Fiz ao meu colega o seguinte prognóstico: ele terá de 30 mil a 50 mil votos. Sendo que o meio, 40 mil votos, é o mais provável.
Existe aí uma incógnita. O nosso orgulho de Ibiraçu sempre fez campanha montado em muita grana, seus votos sempre foram caros, haja vista os helicópteros que sobrevoaram o estado nas eleições anteriores. Não sei como vai ser este ano, sem muita grana ele tem pouco voto.
Concluí: penso que ele não será eleito. Isso será muito bom para Ibiraçu. Ele perdendo poder, a cidade poderá se livrar de uma liderança negativa que vem impedindo que tenhamos uma política arejada, com renovação de nomes e de procedimentos.