Tesourinha

O leitor Betinho Rosalém pediu e eu atendo com muito prazer. Acho que a ave que faz ninho todo ano no seu pé de ipê amarelo, no Califórnia, o melhor pastel com caldo-de-cana do mundo, só rivalizado pelo da Parada Ibiraçu e do Rota 101 - não posso entrar nesse mérito -, é o Tyrannus savana, um passeriforme da família Tyrannidae, a família com maior número de espécies do mundo. O membros dessa imensa família estão presentes em toda América, desde o Alasca até a Patagônia. Engloba pássaros muitos diversos, bem-te-vi, suiriri e todos os assemelhados. O maior representante dessa família é o Guacho, conhecido na nossa região como japu. Apesar da tesourinha ser parecida com as andorinhas, elas não pertencem à mesma família. Porém, têm características em comum, alimentam-se basicamente de insetos e migram. As tesourinhas migram no outono/inverno para a região Amazônica, onde é mais quente. No final do inverno, lá para setembro, retornam aos seus lugares de origem. Durante o voo migratório, formam bandos de mais de centena de indivíduos e se alimentam de frutos. Adoram o fruto da erva-de-passarinho e são importantes disseminadores dessa praga. É comum vermos esta erva crescer em fios de eletricidade onde as tesourinhas, com a semente grudada no bico, se limpam, deixando-a agarrada no fio. A tesorinha não é colorida, é alvi-negra, com as cores bem delimitadas. Cabeça negra, costas e asas cinzas escuras, com o peito branco, meio amarelado nos machos. A cauda longa, com as penas centrais mais alongadas, dão o aspécto de tesoura que dá nome vulgar à espécie. Os machos têm as caudas ainda mais longas. Fazem ninhos em forma de tigelas com gravetos mal arranjados. É comum os filhotes caírem do ninho mal feito. Criam de dois a quatro por vez, normalmente nos últimos meses do ano. A tesourinha tem hábito alimentar parecido com seu parente suiriri. De um pouso ela apanha insetos em pleno voo acrobático, retornado ao pouso seguro para degustá-lo. São agressivos com estranhos e com indivíduos da mesma espécie que invadem sua área de alimentação. Muito comum vê-las agredindo gaviões em voo. Espero que tenha atendido satisfatóriamente o pedido do Betinho e a curiosidade dos zilhões de leitores do Blog.