Calendário dos Bichos

07:00 Postado por Geremias Pignaton

Estou lendo um livro antigo de ornitologia. Nele, o autor conta uma história ocorrida num mosteiro europeu sobre a migração de uma espécie de andorinhas. Os monges fizeram registros durante duzentos anos. Sabia-se exatamente os dias que as andorinhas iriam partir no outono e que chegariam na primavera. Nos duzentos anos, só em duas oportunidades houve erros. Ainda assim, insignificantes erros de dois dias.

Isso fez-me lembrar uma antiga história de família.
Meu avô, Beppe Pignaton, morava naquele casarão antigo que está lá na cascata até hoje - está numa foto aí em cima no blog, é o local onde eu nasci.
Tio Pedro era o filho de Beppe mais velho e um grande caçador. Ele usava cães em suas caçadas.
Na década de 30 do século passado, Tio Pedro se casou e ficou alguns anos morando na casa paterna. Só algum tempo depois ele mudou-se para uns cinco quilômetros acima, no mesmo Vale do Sapateiro, na localidade de Quixadá.
Com a mudança, ele levou a maioria da matilha. Contudo, ficaram alguns cães pertecentes ao meu avô.
Entre os cães que ficaram, um baixote preto de nome Perigo era o melhor de todos, capaz de tirar uma paca de qualquer furna.
Na nova morada, Tio Pedro se estabeleceu como comerciante e tropeiro. Trabalhava duro durante a semana e aos domingos e feriados se dedicava ao hobby das caçadas.
Logo depois da mudança, na véspera, ele descia a cavalo e levava Perigo para a caçada do dia seguinte. Entretanto, com o tempo, não havia mais necessidade. Todo domingo, cedinho, quando o dia vinha raiando, Perigo dava uns latidos, rodeava a casa, partia para o Quixadá e ia caçar com Tio Pedro.
E o mais incrível. Fazia isso também nos feriados.

Tempos atrás, conversando com papai sobre esse fenômeno, chegamos à conclusão que o cachorro se guiava pelos hábitos da casa e da vizinhança.

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