O Queijo e os Vermes
04:11 Postado por Geremias Pignaton
Por indicação de uma colega estudante de história, li há dois meses o livro O Queijo e os Vermes, do historiador italiano Carlo Ginzburg.
Este livro é um ícone da micro-história, modo de trazer a história de um determinado período e de um grande universo, contando a pequena história de um personagem quase insignificante, em uma pequena aldeia distante.
Ginzburg, italiano judeu, ateu, conta a história de um moleiro - proprietário de moinho de pedra - que aprendeu a ler sozinho e, a partir da leitura de alguns poucos livros, formulou uma teoria própria da gênese universal. Conforme essa teoria, o mundo surgiu da putrefação e era como um queijo, sendo os anjos como os vermes que aparecem nesse queijo estragado.
Esse moleiro, chamado Domenico Scandella, dito Menochio, além dessa gênese considerada herética no Século XVI, também combatia na sua vila, pregando entre os habitantes, alguns dogmas do catolicismo, como a virgindade de Maria, mãe de Jesus, e a própria divindade de Cristo.
Resultou na sua condenação pelo Santo Ofício. Inicialmente à prisão perpétua, depois perdoada se ele se comprometesse a não mais pregar, levar uma vida de católico normal e usar uma túnica pelo resto da vida com a marca de sua heresia.
Menochio, com sua mente revolucionária e arguta, não obedeceu e, depois de alguns anos, passou a fazer tudo igual. Foi preso de novo pelo Santo Ofício e, desta feita, condenado à fogueira.
Toda essa história é contada a partir da pesquisa nos arquivos dos processos da inquisição.
Para mim, a leitura foi mais interessante poque a história se passa no Friulli. Menochio era de Montereale, uma pequena cidade da hoje província de Pordenone, nas montanhas dos Alpes, vizinha à terra da família Pignaton. É interessante ver aquela região há 500 anos. Ler descrições e passagens por cidades conhecidas como Aviano, Porcia, Polcenigo, Barcis, Pordenone e outras.
Recomendo a leitura. É um livro pequeno. Pode-se ler em algumas horas.
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