Júri

De todo trabalho que fiz como advogado, o único que me dá saudade é o Tribunal do Júri. Adrenalina pura. Fiz alguns júris e, sem modéstia, fui muito bem. A fala sempre me saiu fácil, o debate oral sempre me foi favorável. O caso dos Nardoni me remete aos tempos que atuei.
Maior polêmica nesse julgamento tem sido o caso da mãe da menina assassinada. Ela foi arrolada como informante da acusação. Foi a primeira a ser ouvida. Naturalmente, o promotor, muito esperto, queria liberá-la logo para ficar assistindo o resto do júri da plateia. O defensor não a liberou e, conforme a lei, ficou isolada durante toda a fase de inquirição de testemunhas e os interrogatórios. Deve ter sido muito duro para a moça ficar 4 dias isolada sem acesso nem à televisão.
O promotor queria que a imagem da mãe da menina emocionada, na plateia, influenciasse os jurados. O defensor queria evitar isso.
A responsabilidade nesse julgamento é toda do promotor. O advogado de defesa joga como franco-atirador. A acusação é muito mais fácil, a defesa é árdua.
Hoje à noite, no mais tardar, sairá o veredicto. Eu calculo que, se não der zebra, o casal pegará em torno de 25 anos cada.