Macuco, Chororão e Surucucu

04:05 Postado por Geremias Pignaton





Macuco ( foto de cima ) é uma ave da ordem Tinamídea, nome científico "Tinamus solitarius". Vive exclusivamente em matas primárias, sendo sua presença um atestado de qualidade de ambiente preservado. Vivem no solo, alimentam-se de sementes, insetos e frutos. Nos tinamídeos as fêmeas são maiores que os machos, cabendo a função de chocar e cuidar da prole quase que exclusivamente aos machos. No caso dos macucos o ninho tem em média 4 ovos verdes metálicos e os machos cuidam dos filhotes como uma galinha de seus pintinhos. Sempre foi uma ave muito caçada pela qualidade de sua carne e pela esportividade da caçada. A estratégia de caçada consiste no caçador se esconder numa choça no solo, ou empoleirar-se a três metros de altura, e atrair a ave com pio de madeira. O piado da ave é um "fón" bem grave e curto, podendo ser um pouco mais prolongado, sendo que machos piam mais fraco que a fêmea. No lusco-fusco, essas aves se empoleiram para dormir. O poleiro, que se repete por muitas e muitas noites, fica entre 3 metros e vinte metros de altura. A ave para alcançá-lo bate as asas em voo desajeitado e depois de empoleirado, emite três piados seguidos. Não defecam à noite no poleiro para não denunciar aos predadores e caçadores. Essas aves só voam quando muito assustados, mesmo assim o voo é curto, desajeitado e produz ruído exagerado. É uma ave grande, podendo atingir a fêmea mais de 40 cm - não têm rabo e por isso são menores, lembrando que medida de ave é feita com a ave morta, estendida, da ponta do bico à ponta do rabo. O macho pesa de 1,2 a 1,5 kg e a fêmea chega a pesar pouco mais de 2 Kg. Habita a mata atlântica do litoral brasileiro, Pernambuco a Rio Grande do Sul, vai interior adentro, Minas Gerais no Vale do Rio Doce, Goiás no vale do Rio Paranaíba, Mato Grosso no vale do Rio Paraná. Existe uma espécie amazônica, Tinamus tao, conhecida como azulona, que é um pouco maior e muitos autores a classificam com uma subspécie. No Espírito Santo está praticamente extinta, sendo encontrada na reserva do Ibama em Sooretama e dizem - não posso afirmar com certeza - que na reserva de Nova Lombardia, na divisa de Ibiraçu, Santa Teresa, João Neiva e Fundão.
O chororão, Crypturellus variegatus, é também um tinamídeo que habita as florestas primárias. Sua presença também é sinal de ambiente preservado. É menor que o macuco. Mede por volta de 30 cm, fêmea maior e dominante. Tem uma estratégia reprodutiva interessante. A fêmea acasala com até 4 machos. Ela encontra com um, cruza, põe um ovo e depois procura outros até quatro. Cada macho choca um ovo em ninhos separados e cuida do filhotinho recém nascido. A fêmea só faz acasalar e botar os ovos. Os ninhos são feitos no chão. É ave também muito caçada, geralmente com uso de pios de madeira. Seu piado é muito bonito, parecido com o da inhabu chitã, um pouco mais grave. Habitam a Mata Atlântica do sul da Bahia ao norte do Rio de Janeiro, chegando a atingir o leste de Minas. Vivem também na Floresta Amazônica, onde são chamadas de inhanbu anhangá, lá são um pouco menores e com piado um pouquinho diferenciado. Estão também quase extintos no ES. Presentes na reserva de Sooretama e na reserva de Nova Lombardia - tenho certeza pois, há pouco tempo, escutei elas piando lá.
A surucucu, Lachesis muta, é a maior serpente peçonhenta das Américas. Chega a atingir 3,5 metros de comprimento. Vive em florestas primárias e sua presença também é indício de ambiente preservado. Habita a Mata Atlântica do Nordeste à Região Sul. É encontrada também na Floresta Amazônica.
O caríssimo leitor deve estar perguntando o que uma cobra faz num post de aves. Vejam que as três espécies têm algo em comum: habitam florestas primárias e estão presentes na Mata Atlântica e na Floresta Amazônica. O Macuco - e subespécie azulona -, o chororão e a Surucucu, juntamente com alguns vegetais, sobretudo madeiras de lei, são indícios veementes de que Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, num passado remoto, foram unidas, sem a interrupção de hoje do Cerrado e da Caatinga.
Para ouvir o piado do macucu e do chororão entre nos links, vale a penahttp://www.xeno-canto.org/browse.php?query=crypturellus+variegatus

1 comentários:

  1. Guia Pedro Slompo disse...

    Olá, peguei emprestado a foto do Macuco.

    Coloquei os direitos autorias e o seu Blog na descrição da foto.

    Tudo bem?
    Abraços, até mais.