Ibiraçu X João Neiva /// Por Jauber Pignaton
03:44 Postado por Geremias Pignaton
Desde pequeno acompanhava ativamente os acontecimentos e a movimentação do meu pai, de meus tios e de seus amigos na vida política de Ibiraçu.
Ibiraçu, sede do município, tinha sua população e eleitorado menores que o distrito de João Neiva e Acioli. Esses dois distritos, que tinham maior movimentação econômica devido à extensão territorial e o complexo de oficinas da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), sobrepujavam politicamente e economicamente a sede.
Era normal que a política fosse comandada por quem tinha maior representatividade e, consequentemente, maior força eleitoral. Dessa forma, os que mantinham o domínio político incentivavam as divergências entre sede e distritos, promovendo e enaltecendo, assim, os políticos do maior distrito, que dominavam por décadas a política ibiraçuense.
Sempre observador, comecei a perceber essa prática e com muito cuidado e cautela, para não ser mal interpretado, ingressei na vida partidária com o propósito de tentar se não acabar, mas apaziguar essa “rixa”.
Trabalhava como servidor público da justiça, sempre com muita dedicação, e tive a oportunidade de conhecer e estar em contato com muitas pessoas, fazendo amigos em todos os quadrantes do município. Acolhia todos que me procuravam com muita atenção para tentar ajudá-los a resolver seus problemas perante a justiça. Tratava da melhor forma as pessoas, pois era servidor do povo e a esse povo dediquei sempre tratamento humanizado. Meu trabalho me ajudou muito a alcançar o desejo de poder ajudar a melhorar o relacionamento entre as pessoas da sede e dos distritos. Mas, apesar de todos os esforços, não só meus, mas de muitos outros companheiros e amigos, era claro que tanto o povo de Ibiraçu quanto o de João Neiva, queria mesmo ser independente e acabar com as brigas políticas e territoriais.
Então, em 1976, incentivado por amigos e tendo como exemplo o médico Dr. Antônio Barroso Gomes, por quem tenho muita admiração, me candidatei a vereador com um discurso emancipacionista de independência e criação do município de João Neiva, desejo quase que unânime tanto do distrito quanto da sede.
Não sei o que me fez sair vitorioso naquela eleição, se minha atuação como desportista, professor, coordenador de grupos teatrais, participante das ações religiosas da comunidade, contribuindo quase vinte anos com as atividades esportivas e sociais do município; ou se a emancipação era mesmo muito desejada, ou se as duas coisas.
Só sei que em 1977, tive a oportunidade, dada pelo povo que acreditou e confiou em mim, de exercer meu primeiro mandato, lembrando que naquela época, os vereadores não recebiam salários. Eram outros tempos, tempos em que a política era coisa séria, o idealismo prevalecia tanto nos eleitos quanto no povo.
Nesses seis anos como vereador, pude acompanhar o movimento emancipacionista crescer dia-a-dia. Tramitava um processo na Assembléia Legislativa do Estado pedindo a emancipação de João Neiva, culminando com a criação do município no dia 08 de maio de 1988, quando exercia meu último ano do primeiro mandato como prefeito de Ibiraçu.
Quando fui eleito prefeito, em 1982, tinha um ideal: ser o prefeito de Ibiraçu, fazer juz ao cargo e trabalhar para a sede e seus distritos. Não tive sentimento bairrista, mas avancei muito a sede do município, que vivia esquecida pelos prefeitos anteriores, e dei atenção também aos distritos. Considero essa, a maior realização que tive na vida (sem contar me casar, ser pai e avô): poder retribuir aos ibiraçuenses a confiança depositada em um jovem idealista.
O movimento emancipacionista ganhou força naquela década e esse sentimento fez nascer várias novas cidades no Estado e no Brasil nos anos 80 e 90.
Mas, o mais importante nisso tudo é nunca, jamais, esquecer da democracia, que é muito citada, mas, infelizmente, na prática, pouco empregada. A única forma de se exercer a democracia é comprometer-se com a coletividade e não deixar o poder distanciar-se do povo. Os governantes têm que ter a convicção de que são apenas servidores do povo e geradores de cidadania.
Jauber Pignaton foi Deputado Estadual, Vereador e Prefeito de Ibiraçu por dois mandatos.
Ibiraçu, sede do município, tinha sua população e eleitorado menores que o distrito de João Neiva e Acioli. Esses dois distritos, que tinham maior movimentação econômica devido à extensão territorial e o complexo de oficinas da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), sobrepujavam politicamente e economicamente a sede.
Era normal que a política fosse comandada por quem tinha maior representatividade e, consequentemente, maior força eleitoral. Dessa forma, os que mantinham o domínio político incentivavam as divergências entre sede e distritos, promovendo e enaltecendo, assim, os políticos do maior distrito, que dominavam por décadas a política ibiraçuense.
Sempre observador, comecei a perceber essa prática e com muito cuidado e cautela, para não ser mal interpretado, ingressei na vida partidária com o propósito de tentar se não acabar, mas apaziguar essa “rixa”.
Trabalhava como servidor público da justiça, sempre com muita dedicação, e tive a oportunidade de conhecer e estar em contato com muitas pessoas, fazendo amigos em todos os quadrantes do município. Acolhia todos que me procuravam com muita atenção para tentar ajudá-los a resolver seus problemas perante a justiça. Tratava da melhor forma as pessoas, pois era servidor do povo e a esse povo dediquei sempre tratamento humanizado. Meu trabalho me ajudou muito a alcançar o desejo de poder ajudar a melhorar o relacionamento entre as pessoas da sede e dos distritos. Mas, apesar de todos os esforços, não só meus, mas de muitos outros companheiros e amigos, era claro que tanto o povo de Ibiraçu quanto o de João Neiva, queria mesmo ser independente e acabar com as brigas políticas e territoriais.
Então, em 1976, incentivado por amigos e tendo como exemplo o médico Dr. Antônio Barroso Gomes, por quem tenho muita admiração, me candidatei a vereador com um discurso emancipacionista de independência e criação do município de João Neiva, desejo quase que unânime tanto do distrito quanto da sede.
Não sei o que me fez sair vitorioso naquela eleição, se minha atuação como desportista, professor, coordenador de grupos teatrais, participante das ações religiosas da comunidade, contribuindo quase vinte anos com as atividades esportivas e sociais do município; ou se a emancipação era mesmo muito desejada, ou se as duas coisas.
Só sei que em 1977, tive a oportunidade, dada pelo povo que acreditou e confiou em mim, de exercer meu primeiro mandato, lembrando que naquela época, os vereadores não recebiam salários. Eram outros tempos, tempos em que a política era coisa séria, o idealismo prevalecia tanto nos eleitos quanto no povo.
Nesses seis anos como vereador, pude acompanhar o movimento emancipacionista crescer dia-a-dia. Tramitava um processo na Assembléia Legislativa do Estado pedindo a emancipação de João Neiva, culminando com a criação do município no dia 08 de maio de 1988, quando exercia meu último ano do primeiro mandato como prefeito de Ibiraçu.
Quando fui eleito prefeito, em 1982, tinha um ideal: ser o prefeito de Ibiraçu, fazer juz ao cargo e trabalhar para a sede e seus distritos. Não tive sentimento bairrista, mas avancei muito a sede do município, que vivia esquecida pelos prefeitos anteriores, e dei atenção também aos distritos. Considero essa, a maior realização que tive na vida (sem contar me casar, ser pai e avô): poder retribuir aos ibiraçuenses a confiança depositada em um jovem idealista.
O movimento emancipacionista ganhou força naquela década e esse sentimento fez nascer várias novas cidades no Estado e no Brasil nos anos 80 e 90.
Mas, o mais importante nisso tudo é nunca, jamais, esquecer da democracia, que é muito citada, mas, infelizmente, na prática, pouco empregada. A única forma de se exercer a democracia é comprometer-se com a coletividade e não deixar o poder distanciar-se do povo. Os governantes têm que ter a convicção de que são apenas servidores do povo e geradores de cidadania.
Jauber Pignaton foi Deputado Estadual, Vereador e Prefeito de Ibiraçu por dois mandatos.
2 de outubro de 2009 às 06:37
O Blog do Gere não poderia nascer de outra forma senão com um artigo de seu primo-irmão Jauber Dório Pignaton. Sinto-me muito à vontade para falar desta figura emblemática em Ibiraçu. O relato exposto no artigo do Blog do Gere é apenas um pequeno esboço diante daquilo que Jauber representou para Ibiraçu. Jauber instaurou um divisor de águas em nossa comunidade. Ibiraçu passou de coadjuvante a protagonista em apenas seis anos. No seu segundo mandato, Jauber, carregador de piano nato, deixou Ibiraçu na crista da onda. Fui um crítico ferrenho de sua última gestão pública. De chinelinho e camisetinha, calou a mim e a muitos. Como um exímio vascaíno, soube exercer categoricamente a incunbência que lhe foi confiada. Numa tarde de fevereiro o encontrei na esquina lá de casa. Rendido, o parabenizei pelos feitos em Ibiraçu. Apesar de crítico, a forma como agiu comigo foi a mesma do seu discurso emancipacionista, onde a rixa e as mazelas ficaram de lado. Aliás rixas sempre nos atrapalharam e ainda persistem em nos atrapalhar. Parabéns Jauber pelo artigo e por se tornar um ícone da política Ibiraçuense. Vida que segue. Carlos Cacau Furieri
4 de outubro de 2009 às 08:41
Grande Gerê!!!! Parabéns pelo Blog!!!
Fiquei muito feliz em ver meu pai escrevendo. Certamente, ele e minha mãe têm muito para contar. Ambos são pessoas maravilhosas e certamente são os maiores orgulhos de minha vida. O que eles tem de especial nesta vida? São pessoas de bom coração? Certamente!! Mas isso, muitas pessoas conheço também o são. O que os faz especiais é a coragem para nunca deixar de lutar, mostrando a cara e assumindo a responsabilidade que todo cidadão deveria ter de buscar um mundo melhor.
A “democracia” neste país ainda tem que melhorar muito, mas para isso as pessoas devem começar a tentar enxergar com mais clareza o que é este país, o que é o estado, suas limitações, o que são as empresas, as relações existentes estado-empresas-mídia. Entender como a nossa sociedade está “organizada”, procurar entender quais são as causas das desigualdades em que estamos mergulhados, e, por fim, participar ativamente da democracia.
Participar da democracia não é só reclamar, não é só ter a liberdade de esculhambar com os outros de forma sensacionalista sem nenhuma avaliação sensata dos fatos e se esconder atrás de uma hipócrita liberdade de expressão, como a maioria dos jornalistas faz. No final das contas, isto só resulta em afastar as pessoas boas da política. Acredito que, no fundo, a maioria destes jornalistas não tem a menor capacidade de avaliar qualquer coisa e estão apenas defendo seus interesses.
Participar da democracia é sim lutar por uma política mais limpa, que resulte mais no desejo popular e não no desejo ... (pausa para ouvir um “gelato al limon”) ... dos grandes grupos financeiros que se encontram por trás dos grandes meios de mídia e da maioria dos políticos.
Sei que isso tudo não é fácil, e levará tempo para um amadurecimento político do nosso país. O que me preocupa é que às vezes tenho a impressão de estarmos andando na contramão. As pessoas estão a cada dia menos interessadas, e com a idéia de que a política não presta. Saibam que enquanto as pessoas abdicam dos seus direitos políticos, tudo tende a se manter como está.
Para terminar, uma frase batida de Matin Luther King, mas que ainda vale a pena: “O que mais me preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética. O que mais me preocupa é o silêncio dos bons.” E nisto, Jauber e Áurea sempre foram muito além. Mais do que simplesmente não se calarem, fizeram acontecer!
Um grande abraço Gerê!!!
Um dos meus grandes professores.
21 de outubro de 2009 às 09:12
Parabens pelo conteúdo. Mas distante dos pessimismo do passado.