Jequitibá-Rosa Gigante

Fotos do amigo Candeias, cidadão aracruzense de Santa Rosa

No final de janeiro estive em Ibiraçu-ES, minha terra,  e resolvi mostrar um pouco do município para meus filhos e meu sogro que me acompanhava na viagem, minha esposa já o conhece bem. Nessas andanças, passamos pelo jequitibá-rosa gigante do alto Rio Ubás, no município de João Neiva, até a década de 80 pertencente a Ibiraçu. Foram junto conosco dois observadores de aves de Vitória que conheci pela internet, que tive a honra de conhecer pessoalmente naquele dia e que foram agradabilíssima companhia, o Candeias e o Eliseu Pereira.

Resultado: Além de conhecerem a majestosa árvore - mais de 40 m de altura, circunferência no pé de quase 13 metros - meus acompanhantes, inclusive meus filhos, puderam conhecer as belezas do interior do nosso município de Ibiraçu e uma parte de João Neiva. Meus filhos, aqui de Brasília, conhecem mais o município de Ibiraçu do que muitos residentes na cidade.

Tenho um pouco de minha história vinculada a esta árvore. Quando era criança, fui com meu pai, na época madeireiro, no pé do morro onde ela está, comprar a madeira do proprietário. Meu pai tinha especial interesse em extrair as duas gigantescas árvores de jequitibá no alto do morro. Tinha esta e uma outra, um pouco menor, mais para baixo, provavelmente um filho desta maior. Lembro-me que fomos na combi do senhor Julinho Sant'anna, passando por Barra do Triunfo. Na época vi as duas  grandes árvores de longe, apenas as copas. Felizmente, papai não conseguiu fazer o negócio e não derrubou as árvores.

Na década de 80, quando eu era vereador de Ibiraçu, que incluía João Neiva, li uma antiga reportagem do jornalista Rogério Medeiros sobre a árvore e o ato heroico do ambientalista Augusto Ruschi, que impediu que madeireiros derrubassem o imenso jequitibá. Conta-se que Ruschi entrou na frente do trator e protegeu a árvore. Com a curiosidade despertada pela reportagem, fui vê-la de perto. Chegando ao local, junto a um primo, achamos madeireiros explorando a mata. Havia várias toras derrubadas perto da grande árvore. Eu, dando uma de "joão-sem-braço", perguntei quando eles iriam derrubá-la, alegando curiosidade de ir ao local ver o tombo, eles me disseram que seria na semana seguinte. 

Voltei e imediatamente liguei para o Ruschi. Na época tinha contato com ele pois recentemente havíamos contratado o renomado ambientalista para dar uma palestra em Ibiraçu. Ele acionou rápido o IBDF - órgão  que antecedeu ao IBAMA - e conseguimos assim salvar a majestosa árvore do tombo.

Depois disso, fiz uma imensa campanha na Câmara Municipal e na imprensa.  Fiz inclusive um projeto tornando-a patrimônio do município, com a finalidade de melhor protegê-la.

No ano passado, fui à festa de Demétrio Ribeiro e encontrei-me com um velho conhecido agricultor daquela região. Fiquei emocionado quando ele, apresentando-me aos amigos de uma mesa de bar, disse que o grande jequitibá estava ainda em pé graças a mim. Sem modéstia, não acho que seja tanto assim, mas considero que dei uma boa contribuição.